Curiosidades do estilo Wabi Sabi
No cerne da cultura japonesa repousa uma filosofia antiga que celebra o encanto da impermanência e a elegância da simplicidade - o Wabi Sabi. Este conceito estético, muitas vezes descrito como a beleza da "imperfeição, impermanência e incompletude", tem suas raízes na essência da natureza humana e na aceitação serena do fluxo natural da vida.
O Wabi Sabi é uma narrativa contínua que nos ensina a encontrar beleza na simplicidade e significado nas marcas que o tempo deixa para trás.
Em nosso mundo contemporâneo, onde a velocidade e a perfeição são muitas vezes perseguidas sem hesitação, o Wabi Sabi oferece um contraponto introspectivo. Nos convida a desacelerar, a apreciar o agora, e a reconhecer que, mesmo nos cantos mais silenciosos de nossa existência, há histórias esperando para serem descobertas e celebradas.
Pesquisando sobre o assunto para escrever o post Wabi Sabi na aquitetura e na decoração, encontramos diversas curiosidades sobre o assunto que merecia um post só pra elas.
Curiosidades do Wabi Sabi
- Wabi sabi como Uma Resposta a Ostentação:
No Japão do século XV, a ostentação era comum entre a classe guerreira dominante. Em contraste, a estética Wabi Sabi surgiu entre os mestres da cerimônia do chá, que valorizavam a simplicidade e a autenticidade.
2. O Chawan Imperfeito:
Um dos exemplos mais famosos da estética Wabi Sabi é a chawan, uma tigela de chá imperfeita usada nas cerimônias do chá. Elas são frequentemente irregulares, assimétricas, e celebram a beleza na imperfeição.
Fotos: Ivan Hryhorchuk
3. Filosofia de Reparo:
O Kintsugi, a arte japonesa de reparar cerâmica quebrada com laca misturada a pó de ouro, prata ou platina, é frequentemente associado ao Wabi Sabi. Ao invés de esconder as falhas, o Kintsugi enfatiza-as, transformando um objeto quebrado em uma obra de arte preciosa, uma metáfora para abraçar as falhas e imperfeições.
Foto: Makers Base Kintsugi
4. O conto japonês do Wabi Sabi
A história fala sobre um jovem aprendiz que estava cuidando do jardim de pedras de um mosteiro zen. O jovem se esforçava para garantir que o jardim estivesse sempre perfeito, varrendo incessantemente as folhas que caíam das árvores.
Um dia, após o aprendiz ter meticulosamente limpo todas as folhas, seu mestre observou o jardim imaculado e, sem dizer uma palavra, sacudiu uma árvore para que algumas folhas caíssem aleatoriamente sobre as pedras. Através desse gesto, o mestre ensinou ao jovem a beleza da imperfeição e a importância de reconhecer que a natureza tem sua própria ordem perfeita, que não precisa ser corrigida pelo esforço humano.
5.Não é uma Arte, mas uma Maneira de Ver:
Wabi Sabi não é considerado uma forma de arte ou decoração, mas uma perspectiva ou maneira de ver o mundo. Ele desafia a busca pelo simples e imperfeito. As imperfeições guardam, quando bem contempladas, um certo padrão da natureza, que nos traz tranquilidade e alívio, e essa filosofia foi levada para os campo da decoração de interiores.
6. Conexão com o Impermanente: Wabi Sabi está profundamente conectado com a noção budista de "três marcas da existência", que são impermanência, sofrimento e ausência de eu. A aceitação da transitoriedade é uma parte fundamental dessa visão de mundo.
7. Influência na Literatura: O Wabi Sabi tem um lugar especial na literatura japonesa, especialmente na poesia Haiku, onde a impermanência e a simplicidade são temas centrais. Abaixo uma poesia Haiku famosa por Furu ike ya kawazu:
Lago antigo
— um sapo salta dentro,
som da água.